quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Fixe não há aulas... !!??

Segundo o Ministério da Educação, a greve dos professores registou hoje uma adesão de 61 por cento, obrigando ao encerramento de 30 por cento das escolas do país. Mário Nogueira escusou-se a comentar os números avançados pelo Governo: "Nem sequer os discutimos, o que nós registamos daquilo que foi dito pelo Governo foi que pela primeira vez teve a capacidade de dizer que estávamos perante uma greve significativa". Na conferência de imprensa, o porta-voz da estrutura, que reúne todos os sindicatos do sector, reafirmou que o modelo de avaliação "não se aplica", pelo que tem de ser alterado. "Vamos mudar o modelo e essa mudança tem que ser feita num quadro de alteração do Estatuto da Carreira Docente", afirmou. Mário Nogueira defendeu um novo processo de negociação "sério" e em que tudo "estará em aberto". "A negociação tem que ter tudo em aberto e é exactamente isso que o Ministério da Educação não quer", sublinhou, criticando a "inflexibilidade" do Governo em "discutir seja o que for". Para os sindicatos, o modelo de avaliação deve ter uma matriz formativa centrada no trabalho que o professor desenvolve na escola e não apenas nos aspectos administrativos. Por sua vez, o Ministério da Educação tem um modelo centrado na carreira e orientado para "dificultar ou impedir a progressão nas carreiras", afirmou Mário Nogueira, acrescentando que o ME deixa cair na simplificação que apresentou "toda a componente científico-pedagógica e tudo o que está relacionado com o desempenho dos professores na sala de aula", aproveitando "apenas os aspectos administrativos". O porta-voz da estrutura sublinhou ainda que "não há um braço-de-ferro entre a Plataforma Sindical e o Governo", mas sim "entre os professores e o Governo". "Hoje ficou mais uma vez claro que o conflito está instalado entre o Governo e os professores, que a plataforma sindical representa", afirmou. Governo contrapõe números e argumentos Por seu turno, o secretário de Estado da Educação afirmou que a greve dos professores contou com uma adesão de 61 por cento, número que diz ter ficado "muito longe" dos objectivos definidos pelos sindicatos, apesar de reconhecer ser "significativo". "Os números da greve, registados oficialmente às 11h00 pelo Ministério da Educação (ME), confirmam que a adesão se estabeleceu em 61 por cento, com 30 por cento de escolas encerradas. Reconhecemos que revelam uma adesão significativa, mas os objectivos dos sindicatos estão muito longe de terem sido atingidos", afirmou Valter Lemos. Em conferência de imprensa, o secretário de Estado garantiu que a tutela não vai retirar consequências ou mudar a sua postura na sequência desta paralisação, uma vez que a atitude da equipa ministerial sempre foi de "total abertura e disponibilidade". Por isso, assegurou, "a lei é para avançar", o que significa que o processo de avaliação de desempenho dos docentes será mesmo concretizado este ano lectivo, ainda que o ME esteja disponível para "encontrar todas as soluções possíveis" para os problemas que forem identificados pelas escolas na aplicação do modelo. "Temos mostrado sempre total abertura à negociação, apresentando propostas no sentido de alterar as dificuldades identificadas pelas escolas. A nossa posição continua a ser a de encontrar todas as soluções possíveis", afirmou. Ainda nesta quarta-feira, o secretário de Estado Adjunto da Educação, Jorge Pedreira, afirmou que o Governo está disponível para aplicar o modelo simplificado de avaliação não apenas neste lectivo, como foi anunciado há duas semanas, mas também no próximo e até nos seguintes, desde que os sindicatos aceitem negociar e abdiquem do pedido de suspensão. Se assim for, a avaliação dos professores no próximo ano lectivo poderá continuar a ser feita sem ter em conta os resultados dos alunos e sem observação de aulas, nem qualquer outro aspecto da componente científico-pedagógica, mas apenas com base na auto-avaliação, assiduidade, formação contínua e participação em projectos, na vida da escola e na comunidade envolvente.

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