domingo, 15 de junho de 2008

África - Subida dos preços dos alimentos vai agravar fome, malnutricão e mortalidade infantil

«Muitos países estão já a sentir um retrocesso de décadas de progresso económico e 100 milhões de pessoas estão a ser empurradas para a pobreza absoluta», lê-se no documento, que teve o contributo de pessoas como o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair, o músico e activista Bob Geldof e o ex-presidente do Fundo Monetário Internacional Michel Camdessus.


Para aliviar a pressão, o estudo apela ao aumento imediato da assistência alimentar, ao mesmo tempo que pede investimento a longo prazo em fertilizantes, na gestão da água e das culturas e nas estradas para os agricultores poderem fazer chegar os seus produtos aos mercados.

De acordo com os seus autores, a disponibilidade de infra-estruturas, como as redes viária e de energia, é considerada «crítica para o desenvolvimento do sector privado de África».

«Quase 60 por cento das empresas indicam que este é o maior obstáculo à sua expansão», notam, exortando os governos africanos a tentar atrair capital privado para investir nesta área, nomeadamente de fundos de investimento soberanos.

Por outo lado, saúdam o investimento em África de países como China, Índia, Malásia e Emirados Árabes Unidos, que afirmam terem criado já «grandes oportunidades» para o desenvolvimento, nomeadamente das infra-estruturas, finanças e comércio.Os membros do Painel alertam ainda para os efeitos das alterações climáticas em África que, na sua opinião, serão «mais severos que noutras regiões do mundo e terão impactos devastadores na produção de alimentos e no sustento dos pobres rurais».


A dois anos do fim do prazo indicado pelo G8 (grupo dos oito países mais industrializados) em 2005 para duplicar o montante de ajuda a África, o Painel considera «pouco provável que (a promessa) seja cumprida».


«A volatilidade da ajuda continua também a ser problemática, causando um grande fardo na capacidade dos países de planear investimentos», criticam.
Neste sentido, sugerem ao G8 uma maior transparência na comunicação de montantes, datas e proporção atribuída aos respectivos países.

Em termos políticos, saúdam o surgimento de «democracias sustentáveis» em alguns países africanos.Contudo, lamentam a persistência dos conflitos na região sudanesa de Darfur e no leste da República Democrática do Congo e a situação no Zimbabué, em «total colapso económico com implicações políticas e sociais graves».
«A resolução destas crises vai requerer grande esforços e mais consistentes da União Africana bem como a liderança de governos africanos individuais e da comunidade internacional como um todo», observam.Apresentado pelo presidente em exercício, o ex-secretário-geral das Nações Unidas Kofi Annan, este é o primeiro relatório escrito do Painel para o Progresso de África.

O seu objectivo é examinar a conjuntura do continente africano em 2008 e persuadir os líderes mundiais a respeitar compromissos e a mobilizar recursos para novos problemas.Lançado em Abril de 2007, o Painel é formado por 11 membros e inclui políticos, economistas e activistas com experiência e conhecimento sobre as questões africanas.


A presidente da Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade - e actual esposa de Nelson Mandela -, Graça Machel, o prémio Nobel Muhammad Yunus, o ex-presidente africano General Olusegun Obasanjo e o fundador da organização Transparency International, Peter Eigen são outros dos membros do Painel.

Retirado de: clicar aqui

Sem comentários: